24 agosto 2019

Exposição devocional do Catecismo de Heidelberg - Q/R 16

Catecismo de Heidelberg – Pergunta 16. Por que o Mediador deve ser verdadeiro homem e homem justo?
R. Deve ser verdadeiro homem, porque a justiça de Deus exige que o homem pague o pecado do homem. Deve ser homem justo, porque alguém que tem seus próprios pecados, não pode pagar por outros. (Is 53.3-5; Jr 33.15; Ez 18.4,20; Rm 5.12-15; 1Co 15.21; Hb 2.14-16; Sl 49.7; Hb 7.26-27; 1Pe 3.18).

Cristo na encarnação assumiu a nossa completa natureza humana. O Filho de Deus ao encarnar possui um corpo e alma, e todas as suas qualidades. Ele não só se torna humano, mas verdadeiro e perfeitamente humano. Declarando a ortodoxia dessa doutrina o Credo de Calcedônia [451 d.C.] afirma que na encarnação há “Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, inseparáveis e indivisíveis; a distinção das naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência”. O Filho de Deus ao se encarnar não se tornou num ser híbrido, meio divindade e metade humanidade, nem houve uma mistura das duas naturezas. Ele tem inseparavelmente unidas as duas naturezas, sem que a divindade se torne humanizada, ou a humanidade seja divinizada. Jesus Cristo é, em sua a encarnação, verdadeiramente Deus e verdadeiramente humano.

O Senhor Jesus experimentou uma vida perfeita como verdadeiro homem. Embora foi tentado e sofreu à nossa semelhança (Hb 4.15); entretanto, nunca pecou, nem se rebelou contra o Pai, mas submeteu ao propósito eterno, cumprindo toda vontade do Pai (Jo 4.34; 5.30 e 6.38). Ele não foi tentado como Deus, porque a divindade não pode ser tentada (Tg 1.13), mas em sua humanidade foi exposto aos ataques e artimanhas de Satanás (Lc 4.1-13). Ele nunca usou os seus poderes divinos a seu favor, apesar de ser verdadeiro Deus, mas fez-se reconhecido como servo, humilhando-se em tudo, desde a encarnação até o sepultamento (Fp 2.5-8). Ele nunca fez um milagre sequer para beneficiar-se, nem venceu as tentações com o poder divino, nem resistiu as tentações comunicando alguma qualidade divina para a sua humanidade. O Filho de Deus triunfou sobre os seus inimigos evidenciando que Ele é verdadeiro homem, a fim de que, nele, sejamos conformados à sua imagem.

Era necessário, pelo decreto eterno do Pai, que o Filho se tornasse membro da raça humana e, como um verdadeiro homem, cumprisse o pacto das obras que o primeiro Adão falhou obedecer (Rm 5.12-21). Por isso, Cristo como o segundo Adão satisfez todas as exigências da Lei de Deus, produzindo a justiça, bem como as virtudes e dons necessários para merecer a aceitação em favor daqueles que o Pai lhe deu (Rm 8). Ele cumpriu perfeitamente a lei, suportou todo o sofrimento que lhe estava proposto, venceu Satanás, e foi vitorioso sobre a morte. Ele provou ser justo em todas as coisas! O Senhor Jesus pagou pelo pecado dos seus eleitos, obedecendo, morrendo e ressuscitando em seu lugar, e desse modo, merecendo-lhes a vida eterna!

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