A dor, a dúvida e a incredulidade

A dor causa um estranho efeito em nós. Ela nos tira a alegria, a força e a nossa sensibilidade. Quando sofremos é natural que sejamos dominados pela tristeza, fiquemos desanimados e nos tornemos indiferentes com os outros. Certamente não gostamos desta situação. E se não bastasse ainda somos agredidos por diferentes tipos de dúvidas que podem se tornar perigosamente em incredulidade. Certamente você já se questionou o “por que” do sofrimento? É uma questão justa para quem sofre, mas nem sempre encontramos “a resposta” que satisfaz as nossas dúvidas sobre este assunto.

A dúvida e a incredulidade são superficialmente parecidas, mas são essencialmente diferentes. A dúvida geralmente é saudável quando nasce da curiosidade e produz maturidade. A dúvida surge do entendimento parcial, e deseja completar o conhecimento. Quando sofremos parece que a nossa dor e amor de Deus não são compatíveis. A dúvida surge exigindo uma resposta, uma causa, um motivo e um propósito. Por isso, ela pode nos levar ao entendimento de que Deus é soberano e bondoso e, quem controla de toda a nossa vida. Mas, se a dúvida abraçar a rebeldia, e desprezar a verdade da Palavra de Deus, então, ela se converte em incredulidade. Então, a incredulidade gera incertezas, ingratidão, insegurança, e desespero. A dúvida se satisfaz com a verdade, mas a incredulidade a despreza.

Apesar de não termos todas as respostas, convido que pensemos nalgumas coisas em que a dor não deveria nos prejudicar quando assaltados pela dúvida. A verdadeira fé alimentada pela Escritura é mais forte do que as emoções nascidas no sofrimento.

A dor não deveria produzir amargura em nosso coração. Em vez de remoer a decepção, a enfermidade, ou a rejeição, deveríamos nos humilhar diante de Cristo. Ele sofreu grande humilhação pelos homens, torturado, e suportou a mais intensa dor na cruz. O Filho de Deus tem toda autoridade nos céus e sobre a terra. Por isso, Jesus disse que “venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28-30, NVI). É possível viver com dúvidas, mas é insuportável viver na incredulidade. Posso não entender os “por quês” da vida, mas é angustiante viver sem crer em nada, ou pior, sem crer que em Jesus Cristo podemos receber o perdão, o amor e o consolo de Deus o Pai.

A dor não deveria nos isolar de Deus. Há pessoas que por causa do sofrimento preferem se esquecer de Deus. Isso é estranho porque tudo testemunha as digitais do Criador (Salmo 19:1-6 e Romanos 1:18-20). Não temos como nos esquecer dele, nem fugir para algum lugar que Ele não esteja (Salmo 139). Então, em vez de fugirmos do Senhor, seria melhor irmos para Ele. Um autor chamado Os Guiness observou que “Deus não é apenas uma pessoa, ele é a pessoa suprema de quem dependem todos os seres humanos, sem falar da própria vida e de toda a nossa existência. É por isso que confiar nele é conhecê-lo, confiar nele é começar a conhecer a nós mesmos. É por isso que o nosso fim supremo é glorificar a Deus e desfrutá-lo para sempre. É por isso também que confiar em Deus na escuridão seja tão difícil, e duvidar de Deus seja tão devastador” (Encontrando Deus em meio à dúvida, p. 10). Aqueles que têm uma aliança com Deus são amados desde antes da fundação do mundo (Efésios 1:3-11) e são atraídos com este eterno amor que nos encontra e dá sentido a nossa vida (Jeremias 31:3). E nada pode fazer com que Deus desista de nós (Romanos 9:31-39). É neste sentido que Jesus promete que “eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:20, NVI).

A dor não deveria nos fazer desistir da vida. A Bíblia fala que Deus é soberano e amor. Ele cuida daqueles que têm uma aliança com Ele. Não podemos amaldiçoar, ou falar coisas vergonhas contra Deus e contra as pessoas. Não é sensato desejar coisas ruins contra a nossa vida. Isto apenas aumentaria o nosso problema. Às vezes, pessoas em intensa dor desejam a morte. Mas, o suicídio é uma fuga para a covardia sem retorno. Nunca deveria ser uma opção por mais angustiante que seja o problema! Então, qual deve ser a nossa escolha? É preciso que leiamos a Bíblia e nela encontremos entendimento da vontade de Deus para a nossa vida. O salmista diz “foi-me bom passar pela aflição para que aprendesse os teus decretos” (Salmo 119:71). Na Escritura Sagrada aprendemos o propósito da vida, do sofrimento e de tudo o que acontece conosco.

A verdadeira fé nasce a partir da Escritura Sagrada (Romanos 10:17). A fé é a soma do correto conhecimento de Deus, de concordarmos com toda verdade revelada e de confiarmos nas promessas da Palavra de Deus. Assim, viver pela fé não é viver andando na cegueira da ignorância. A Bíblia nos ordena que “alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:4-7, NVI). Quando temos a mente de Cristo, conseguimos capacitados pelo Espírito Santo, entender a dor, o seu propósito e o se fim para a glória de Deus. Não precisamos duvidar, nem errar na incredulidade, mas vigorosamente crer que o Senhor Deus faz com que tudo coopere para o nosso bem, segundo o propósito de nos tornar capaz vez mais semelhante à Cristo Jesus. Assim, com Cristo sabemos que “dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém” (Romanos 11:36, NVI).

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