Catecismo de Heidelberg – Pergunta 14. Será que uma criatura, sendo apenas criatura, pode pagar por nós?
R. Não, não pode. Primeiro: porque Deus não quer castigar uma outra criatura pela dívida do homem. Segundo: porque tal criatura não poderia suportar o peso da ira eterna de Deus contra o pecado e dela livrar outros (Gn 3.17; Ez 18.4; Sl 130.3; Na 1.6).
Nenhuma criatura é capaz de pagar pela desobediência dos homens. Os animais sacrificados no Antigo Testamento não cancelavam a dívida do pecado. Eles eram mortos para indicar a consequência do pecado, a ira de Deus e o preço de transgredir a Lei. Em outras palavras, a Lei de Moisés tinha um uso didático de revelar a santidade de Deus, o pecado do homem e a apontar para a redenção em Cristo. Enquanto o pecado exige a sentença de morte, porque evoca a ira de Deus, a Lei didaticamente ensina a gravidade do pecado e a necessidade de satisfazer a justiça divina. Deus é santo e justo. Entretanto, o ensino da Lei se complementa com o Evangelho de Cristo; por isso, a finalidade da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê (Rm 10.4). Então, aprendemos com a Lei e o Evangelho que Deus é misericordioso e gracioso.
O esforço para salvar a si mesmo não é aceito por Deus. Inclusive, o Senhor proibiu o autoflagelamento, ou o sacrifício humano, como uma forma de expiação pelos pecados. Há alguns motivos para essa rejeição. Primeiro, porque o esforço humano é insuficiente. Ou seja, Deus requer uma obediência completa da Lei, e nenhum homem é capaz de cumprir todas as exigências e implicações da Lei. Segundo, porque o esforço humano é imperfeito. Ou seja, Deus requer uma obediência sem deficiência, e isto nenhum homem é capaz de cumprir sem falhar na motivação, no modo, ou no objetivo da Lei. Terceiro, porque o esforço humano é inadequado. Ou seja, Deus requer uma obediência prescrita, e não um sacrifício humanamente inventado. O Senhor decidiu que o sacrifício seria de um mediador perfeito. Entretanto, nenhum homem é capaz de cumprir porque é um mero descendente de Adão. Todos os filhos do primeiro homem nascem sob a sua maldição de morte (Rm 5.12 e Ef 2.1). Eles são escravos do pecado, inimigos de Deus, hostis à santa Lei e servos de Satanás, por natureza são filhos da ira. Como criaturas inábeis para se relacionarem com Deus, também oferecem modos inadequados para agradá-lo. Mas, mesmo que um simples homem nascesse sem pecado, e obedecesse toda a Lei como Deus exige, ainda assim não serviria como um sacrifício suficiente para outros homens. A obediência perfeita de um único homem somente mereceria aceitação diante de Deus para si, e não para outros. O seu sacrifício seria suficiente para si, mas ainda continuaria inadequado para todos os demais.
O Catecismo Maior de Westminster [Perg./Resp. 40] explica qual a necessidade do Mediador ser Deus e homem em uma só pessoa. Ele declara que “era necessário que o Mediador, que havia de reconciliar o homem com Deus, fosse Deus e homem, e isso em uma só pessoa, para que as obras próprias de cada natureza fossem aceitas por Deus em nosso favor e que confiássemos nelas como as obras da pessoa inteira”. Era necessário que o sacrífico perfeito fosse homem, não um animal ou cereais, porque o pecado cometido e transmitido pelo primeiro homem contaminou todos os homens, por isso, a penalidade deve recair sobre os que quebram a Lei. Um descendente de Adão deveria produzir uma obediência perfeita para restaurar o pacto quebrado (Gn 3.15), por isso, era necessário que o sacrifício fosse um verdadeiro homem. Mas, se fosse apenas um simples homem, ele apenas conseguiria oferecer um sacrifício de valor limitado. Por isso, era necessário que fosse verdadeiro Deus, para que a sua obediência e sacrifício possuísse um valor infinito! Cristo cumpriu toda a Lei, satisfez a justiça do Pai, produziu perfeita virtude, venceu a sentença da morte, e produziu vida abundante para todos por quem ele representou como Mediador da Aliança. A morte de Cristo foi suficiente para salvar aqueles que o Pai lhe deu.
27 julho 2019
05 julho 2019
Exposição devocional do Catecismo de Heidelberg - Q/R 13
Catecismo de Heidelberg – Pergunta 13. Nós mesmos podemos satisfazer essa justiça?
R. De maneira alguma. Pelo contrário, aumentamos, a cada dia, a nossa dívida com Deus (Jó 4.18-19; Jó 9:2-3; Jó 15.16; Sl 130.3; Mt 6.12; Mt 16.26; Mt 18.25).
Ninguém é capaz de satisfazer a Lei moral com a qualidade exigida. Deus não aceita uma obediência que não seja perfeita. Cumprir a lei de Deus pelo nosso padrão moral não lhe é algo aceitável. Quem aceitaria comer num restaurante que tivesse um criadouro de porcos na cozinha? A ideia é tão absurda que não conseguimos conceber como isso seria possível! Mas a verdade é pior do que colocar sujeira ao lado do preparo da comida, porque o nosso coração é a fonte dessa imundícia. Por isso Cristo denuncia que “as coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem ‘impuro’. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt 15.18-19). Se o nosso critério de pureza exige um padrão mínimo necessário para ser aceitável, e sendo nós pecadores, imagine qual o nível de pureza que Deus exige em sua perfeita santidade. Não temos qualificação moral para nos apresentarmos diante dele! Pelo contrário, o nosso pecado nos torna maltrapilhos, imundos, fétidos, desprezíveis e contaminamos tudo o que tocamos ou fazemos. A lei revela nossa total inabilidade de obedecer perfeitamente a vontade de Deus.
É impossível satisfazermos a Lei de Deus na quantidade exigida. Alguns pensam que obedecer a lei de Deus é apenas seguir a literalidade dos Dez Mandamentos. Daí, enganados pelo seu superficial entendimento da lei, dizem: “nunca matei, nem adulterei, e não sou um ladrão”. A verdade é que pecam mais do que conseguem perceber, e estão iludidos com uma rasa interpretação do decálogo. Isso é mera cegueira espiritual (Jo 9.39-41). Deus requer a completa obediência da Lei moral, em toda a sua extensão, motivação e implicações, e não o mero cumprimento superficial da letra da lei. Por esse motivo não conseguimos produzir virtude suficiente que agrada a Deus. Diminuir o entendimento da Lei moral não dilui o dever de obediência em toda a sua extensão. Enquanto há quem se iluda com a ideia de que consegue obedecer aos Dez Mandamentos, a própria Escritura nos adverte dessa falha mortal, declarando que se alguém se esforça em obedecer “toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg 2.10). Ninguém consegue oferecer uma plena obediência da Lei moral em toda a sua extensão e implicações, e Deus não aceita menos do que o seu completo cumprimento.
Somos incapazes porque ao tentar cumprir a Lei moral, desobedecemos ainda mais. Você conhece pessoas que devendo ao banco pegam mais empréstimos para pagar dívidas anteriores? Elas não estão diminuindo a dívida, mas aumentando o valor da dívida, além dos seus juros! A tentativa de merecer aceitação diante de Deus pela obediência da lei apenas traz condenação. Então, devemos desistir e nos entregar ao pecado? Não! Isso só traria acréscimo de juízo no Dia do Juízo (Rm 2.5-8). Então o que fazer? Se a sua conclusão for: então é impossível obedecer a Deus como ele requer! Ok, você entendeu porque e o quanto dependemos de Cristo. Por isso o Filho de Deus nos disse: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Somos totalmente incapazes de obedecer a Lei moral como Deus requer, mas Cristo obedeceu, como nosso substituto, cumprindo todas as exigências da lei, e satisfez a vontade do Pai. Ele mereceu, em nosso lugar, o favor e a aceitação que carecemos de Deus. Por isso, podemos cantar com Augustus Toplady que “não por obras nem penar, plena paz terei aqui. Só tu podes consolar, há perdão somente em ti. Rocha eterna, só na cruz eu confio, ó meu Jesus!” [Hino 136 HNC]. A consciência atormentada pela certeza de que desobedecemos, e que a transgressão da lei aumenta a nossa dívida, crescentemente nos angustia. Entretanto, somos consolados por sabermos que temos Cristo como pagador do nosso resgate, e que alcançamos o pleno perdão nele. O Amado da nossa alma é perfeito, suficiente e capaz de nos fazer aceitáveis diante do Pai.
R. De maneira alguma. Pelo contrário, aumentamos, a cada dia, a nossa dívida com Deus (Jó 4.18-19; Jó 9:2-3; Jó 15.16; Sl 130.3; Mt 6.12; Mt 16.26; Mt 18.25).
Ninguém é capaz de satisfazer a Lei moral com a qualidade exigida. Deus não aceita uma obediência que não seja perfeita. Cumprir a lei de Deus pelo nosso padrão moral não lhe é algo aceitável. Quem aceitaria comer num restaurante que tivesse um criadouro de porcos na cozinha? A ideia é tão absurda que não conseguimos conceber como isso seria possível! Mas a verdade é pior do que colocar sujeira ao lado do preparo da comida, porque o nosso coração é a fonte dessa imundícia. Por isso Cristo denuncia que “as coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem ‘impuro’. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt 15.18-19). Se o nosso critério de pureza exige um padrão mínimo necessário para ser aceitável, e sendo nós pecadores, imagine qual o nível de pureza que Deus exige em sua perfeita santidade. Não temos qualificação moral para nos apresentarmos diante dele! Pelo contrário, o nosso pecado nos torna maltrapilhos, imundos, fétidos, desprezíveis e contaminamos tudo o que tocamos ou fazemos. A lei revela nossa total inabilidade de obedecer perfeitamente a vontade de Deus.
É impossível satisfazermos a Lei de Deus na quantidade exigida. Alguns pensam que obedecer a lei de Deus é apenas seguir a literalidade dos Dez Mandamentos. Daí, enganados pelo seu superficial entendimento da lei, dizem: “nunca matei, nem adulterei, e não sou um ladrão”. A verdade é que pecam mais do que conseguem perceber, e estão iludidos com uma rasa interpretação do decálogo. Isso é mera cegueira espiritual (Jo 9.39-41). Deus requer a completa obediência da Lei moral, em toda a sua extensão, motivação e implicações, e não o mero cumprimento superficial da letra da lei. Por esse motivo não conseguimos produzir virtude suficiente que agrada a Deus. Diminuir o entendimento da Lei moral não dilui o dever de obediência em toda a sua extensão. Enquanto há quem se iluda com a ideia de que consegue obedecer aos Dez Mandamentos, a própria Escritura nos adverte dessa falha mortal, declarando que se alguém se esforça em obedecer “toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg 2.10). Ninguém consegue oferecer uma plena obediência da Lei moral em toda a sua extensão e implicações, e Deus não aceita menos do que o seu completo cumprimento.
Somos incapazes porque ao tentar cumprir a Lei moral, desobedecemos ainda mais. Você conhece pessoas que devendo ao banco pegam mais empréstimos para pagar dívidas anteriores? Elas não estão diminuindo a dívida, mas aumentando o valor da dívida, além dos seus juros! A tentativa de merecer aceitação diante de Deus pela obediência da lei apenas traz condenação. Então, devemos desistir e nos entregar ao pecado? Não! Isso só traria acréscimo de juízo no Dia do Juízo (Rm 2.5-8). Então o que fazer? Se a sua conclusão for: então é impossível obedecer a Deus como ele requer! Ok, você entendeu porque e o quanto dependemos de Cristo. Por isso o Filho de Deus nos disse: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Somos totalmente incapazes de obedecer a Lei moral como Deus requer, mas Cristo obedeceu, como nosso substituto, cumprindo todas as exigências da lei, e satisfez a vontade do Pai. Ele mereceu, em nosso lugar, o favor e a aceitação que carecemos de Deus. Por isso, podemos cantar com Augustus Toplady que “não por obras nem penar, plena paz terei aqui. Só tu podes consolar, há perdão somente em ti. Rocha eterna, só na cruz eu confio, ó meu Jesus!” [Hino 136 HNC]. A consciência atormentada pela certeza de que desobedecemos, e que a transgressão da lei aumenta a nossa dívida, crescentemente nos angustia. Entretanto, somos consolados por sabermos que temos Cristo como pagador do nosso resgate, e que alcançamos o pleno perdão nele. O Amado da nossa alma é perfeito, suficiente e capaz de nos fazer aceitáveis diante do Pai.
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